segunda-feira, 30 de julho de 2012

terça-feira, 24 de julho de 2012

Elogio da Indagação

ELOGIO DA INDAGAÇÃO

Tudo é desencontro ou ilusão.
Se do indício claro desconfias
E se recuas à voz que não ouviste
É certo que fundas sabedorias
Já de tonta surdez te acusarão
E acabarás por ver o que não viste.
Tarde demais, porém. Desilusão.

Se ao contrário, te adentras na floresta
E ao chamado da Terra toda vais
Na clareira do tempo a grande festa
Está calada, oscura, e nada mais.

Daí que o limbo seja teu signo a fogo
Impresso em tua fronte como lua
Não podes crer nas ilusões do jogo:
Escolha ou não escolha não é tua.

Votada estás ao só suplício atroz
Invejas mil e sem razão suscitas
Não creriam s’essas penas aflitas
Confiasses a outrem, ‘nda a sós.

Não sei se rasgarás este teu fado
Não sei se sortilégio se desfaz
Não sei se algum dia um anjo alado
Virá resgatar-te as horas más.

Sei só que entr’essa gente ignara
Que contigo se cruza pelas ruas
Resplandece clarão em tua cara.
Infeliz, sim, mas querida pelas Musas.